[Trecho] o amor nos tempos do cólera, gabriel garcia marquez


Partes de um livro que eu preciso muito comprar.

"mas se alguma coisa haviam aprendido juntos era que a sabedoria nos chega quando já não serve para nada."

"as pessoas que a gente ama deviam morrer com todas as suas coisas."

"mas o exame revelou que não tinha febre, nem dor em nenhuma parte, e a única coisa que sentia de concreto era uma necessidade urgente de morrer. bastou ao médico um interrogatório insidioso, primeiro a ela depois à mãe, para comprovar que os sintomas do amor são os mesmos do cólera."

"
aproveite agora que você é jovem para sofrer o mais que puder - lhe dizia - que estas coisas não duram toda vida."

"mais de vinte anos haviam se passado desde então, e juvenal urbino ia ter em breve a idade que tinha o pai aquela tarde. sabia-se idêntico a ele, e à consciência disso se somava agora a consciência surpreendente de ser tão mortal quanto ele."

"... mas se deixou levar pela convicção de que os seres humanos não nascem para sempre no dia em que as mães os dão à luz, e sim que a vida os obriga outra vez e muitas vezes a se parirem a si mesmos."

"metia-se debaixo dele e se apoderava dele todo para ela, encerrada dentro de si mesma, tateando com os olhos fechados em sua absoluta escuridão interior, avançado por aqui, retrocedendo, corrigindo seu rumo invisível, tentando outra via mais intensa, outra forma de andar sem naufragar no alagado de mucilagem que fluía do seu ventre, se perguntando e se respondendo a si mesma com um zumbido de varejeira em seu jargão nativa onde ficava essa alguma coisa nas trevas que só ela conhecia e ansiava só para ela, até que sucumbia sem esperar ninguém, se desbarrancava só em seu abismo com uma expressão jubilosa de vitória total que fazia tremer o mundo."

"amor da alma da cintura pra cima e amor do corpo da cintura pra baixo."

"era uma flor de ontem."

"ela o sentira sair de seu corpo com o alívio de se livrar de algo que não era seu, e tinha sofrido com o próprio espanto ao comprovar que não sentia o menor afeto por aquele bezerro nonato que a parteira lhe mostrou em carne viva, sujo de sebo e de sangue, e com a tripa umbilical enrolada no pescoço. mas na solidão do palácio aprendeu a conhecê-lo, se conheceram, e descobriu com uma grande emoção que os filhos não são queridos por serem filhos e sim pela amizade que surge quando os criamos"

"deleitava-se com os hálitos do perfume de amêndoas que lhe chegava vindo da intimidade dela, ansioso por saber como achava ela que deviam se apaixonar as mulheres do cinema para que seus amores doessem menos que os da vida."

"por outro lado, ele próprio não conseguia escapar à noção de velhice do seu tempo, o que tornava apenas natural ao ver fermina daza tropeçar à saída do cinema fosse abalado pelo raio pânico de que a puta da morte ia acabar ganhando sem remédio sua encarniçada guerra de amor."

"tampouco lhe desgostou a idéia da dentadura postiça primeiro porque uma das nostalgias da sua infância era a lembrança de um mágico de feira que arrancava de si as duas mandíbulas e as deixava falando sozinhas numa mesa, e segundo poque punha fim às dores e dente que o haviam atormentado desde menino, qause tanto e com tanta crueldade quanto as dores de amor."

"mas sua vocação de gata errante, mas indômita que a própria força da sua ternura, manteve ambos condenados à infidelidade. contudo, conseguiram ser amantes intermitentes durante quase trinta anos graças à sua divisa de mosqueteiros: infiéis, mas não desleais."

"com ela aprendeu florentino ariza o que já padecera muitas vezes sem saber: pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma. solitário entre a multidão do cais, dissera a si mesmo com um toque de raiva:
o coração tem mais quartos que uma pensão de putas."

"florentino ariza, num estado de exaltação que não tinha conseguido apaziguar com quatro cálices de vinho do porto, continuou falando no passado, nas boas lembranças do passado que eram seú único tema há tanto tempo, mas ansioso por encontrar no passado um caminho secreto pra desabafar. pois disso é que sentia falta: botar a alma pela boca."

"tinha que ensiná-la a pensar no amor como um estado de graça que não era meio para nada, e sim origem e fim em si mesmo."

"porque é que você insiste em falar no que não existe?"

"deixe que o tempo passe e já veremos o que traz."

"precisa de um certo aturdimento pra não pensar na própria sorte com demasiada lucidez."

"se temos de fazer safadezas, vamos a elas - mas que seja como gente grande."

"pois tinham vivido juntos o suficiente para perceber que o amor era o amor em qualquer tempo e em qualquer parte, mas tanto mais denso quanto mais perto da morte."

"-
e até quando acredita o senhor que podemos continuar neste ir e vir do caralho? - perguntou.
florentino ariza tinha a resposta preparada havia cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com as respectivas noites.
-
toda a vida - disse."



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Laura Machado

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